Wednesday 31 July 2013

DEZ DIFERENCAS ENTRE CANADA E BRASIL

DEZ DIFERENCAS ENTRE CANADA E BRASIL 
 
  1. 1)      A lei do encapamento dos canudinhos ainda não chegou por aqui, canudinhos ficam em cima do balcão ao alcance de todas as mãos, insetos e outros, assim como no Bar do Vaxquinho (Floripa) ou no Bar do Hugo (Pato Branco).


    2)      Os professores de academia daqui dão em cima das gurias de uma forma aproximadamente 849583 vezes mais dicreta e comedida do que os professores de academia no Brasil.


    3)      As sinaleiras (vulgos semáforos) não são sincronizados aqui, você pode pegar trocentas sinaleiras vermelhas em sequência na mesma rua.


    4)      A forma mais comum de beber cerveja aqui é sentar-se à mesa de um bar e pedir uma pichet (uma jarra de cerveja). A jarra, simples como da casa da nossa vó, não possui nenhum isolante térmico, fica por dezenas de minutos ou mais de uma hora sobre sua mesa e ninguém acha ou percebe que a cerveja está esquentando (nem eu mais percebo).


    5)      Muitos canadenses recebem o salário em casa, em forma de cheque. Então eles precisam pegar este cheque e irem ao banco. Se depositarem na boca do caixa (manual), o dinheiro estará disponível em “apenas” 5 dias úteis. Esta é a forma mais rápida de tornar o dinheiro disponível. Eu recebo meu salário assim. :(


    6)      No Québec (província na qual vivo) muitas igrejas seculares estão se tornando museus devido à baixíssima frequência de fiéis às missas e/ou cultos.


    7)      Canadenses não usam meias brancas, praticamente apenas meias escuras. Creio que possuem este costume para encardir menos as mesmas, porque sempre que alguém chegar à tua casa, ela tirará o sapato e ficará apenas de meia. 


    8)      Passei um inverno aqui até o momento, com temperaturas alguns dias atingindo abaixo de  -30°C. Mas não tenho cobertor e nem sequer edredom (é assim que se escreve edredom? Edredom é marca ou um tipo específico de cobertor?). Tenho lençóis e apenas uma mantinha vagabunda que comprei numa farmácia aqui do lado. Uma das coisas que aprendi mais rápido aqui foi não passar frio. Penso no quanto passarei frio se voltar a morar no sul do Brasil.


    9)      Em Montreal, as pessoas aguardam o ônibus em fila. Sempre. É normal haver filas nos pontos mais movimentados (nas estações de metrô, por exemplo), com mais de 30 ou 40 metros. Quando o busão chega, todos, ordeiramente seguem a fila e entram calmamente no veículo automotor, de acordo com a ordem de chegada ao ponto de ônibus.

    10) Motoristas de ônibus ganham muito bem aqui (e uma alta porcentagem deles têm tatuagem, assim como em Floripa. Mas ao invés dos nomes de pessoas da família, os daqui costumam tatuar o que todo mundo tatua, dragão, estrela, tribal, frases em japonês, magos, enfim). Parece que iniciam a carreira ganhando em torno de 30 dólares a hora. Além disso, ser chofer de busão aqui é uma barbada. Pois por aqui não há subidas, consequentemente, também não há descidas. Todos os veículos são câmbio automático. Os passageiros não xingam o motora. Os busões não ficam cheios até a boca. Os passageiros não reclamam. O trânsito é tranquilo e educado. Isso tudo atrai muitos jovens capacitados e razoavelmente bem formados para esta profissão. Inclusive muitas mulheres, jovens e bonitas. Eu mesmo, já me apaixonei por umas 3 ou 4 motoristas de busão. :)

Tuesday 30 April 2013

Parece que eles tratam bem as mulheres, mas parece que só parece


Depois de um longo e tenebroso inverno, sim, realmente longo e realmente tenebroso, e nunca falei isto com tanta "literalidade", (alô Huck, essa é boa pro soletrando), o blog saiu da toca e está de volta. Na verdade eu andava com muita preguiça de escrever e havia feito uma promessa: voltaria a escrever apenas depois que eu pudesse usar havaianas na rua, e este sonhado dia finalmente chegou, então, bora lá!

Bom, esta foto aí abaixo, eu tirei dentro de um busão (condução, latão, mercedão, circular, van articulada, depende do lugar que tu vives). Gostei muito deste cartazinho, nele há a explicação que as mulheres que estão solitas no busão à noite, por questão de segurança, pode solicitar ao chofer para parar o veículo em qualquer lugar da rua, mesmo fora ou longe do ponto de ônibus. Eu acho fantástico, o respeito, a cordialidade e a preocupação para com as femmes.

PS- a foto acima que mencionei não estou conseguindo colocar aqui. Na verdade tá na postagem do facebook quando compartilhei o texto do blog.  real, escrevi este texto há semanas, mas tô lutando direto contra este fdp de sistema deste blog, e não consigo.  Até que decidi publicar sem foto mesmo, deve haver um jeito de resolver isso, mas eu não consigo, o choque cultural de quem conheceu elevador com 15 anos e mexer na internet aos 30 ainda é visível, hehehehe.

Voltando à foto que vocês não estão vendo, quando a vi, pensei: puxa vida, quanto cavalheirismo, aqui a mulherada pelo jeito é bem tratada. Mas depois, analisando o dia-a-dia, bate-papo ali, aqui e acolá, cheguei a uma conclusão um poquito diferente.
As canadenses parece não serem bem tratadas. O que vejo de casal onde o homem anda longe da mulher, pega a escada rolante ou elevador antes, não tá no gibi. Me lembram o Vitalino, um senhor lá de Planalto, minha cidade natal, que costumava sair de bicicleta e a mulher a pé. Então, onde quer que eles fossem, missa, jogo de bocha, jantar na casa de amigos, batizado ou velório, o seu Vitalino sempre chegava antes, e depois de meia hora ou mais chegava a senhora Vitalino :). Além disso, não foi uma ou duas vezes aqui que vi casais saindo do supermercado e a mulher carregando mais sacolas que o homem, de cair os butiá do bolso né?

Outra coisa que acho engraçada são casais que andam sem estar de mãos dadas, a maioria. Ok, isto é apenas cultural, e não falta de respeito. Me lembro que em 2011 quando morei na Nova Scotia, havia um casal que morava na república, super gente boa, as vezes saíamos nós 3 pra cachaça, os 3 andando pela rua, eles sem mãos dadas, normalmente ela no meio, quem visse, não sabia quem pegava quem ali, ou se alguém pegava alguém.

Depois, conversando com as franco-canadenses (daqui, da província de Québec), algumas se queixam pacas dos homens daqui por estas questões. Reclamam que os homens não as tratam bem, que são viciados em video-game (pai, cada dia te agradeço mais por ter me dado uma enxada ao invés de um atari quando eu era piá). Também já ouvi outras falarem que preferem os latinos por estas bandas, pois estes seriam mais 'iniciativos" e educados para com elas.

Falando em iniciativa, outra reclamação constante aqui é de que a gurizada "não chega". E aí, olha só que interessante, aqui no Québec, o costume e normal é a mulherada "chegar"nos homens. Sério, tô falando sério. Imagino eu, cá com meus botões da minha camisa xadrez que minha irmã me deu, que este seja um comportamento de "contra-cultura" das mulheres quebequenses, que cansaram de ficar como mulher feia em baile do interior, sentadas no canto do salão, que passavam a noite toda comendo pastel com coca-cola,  pois ninguém as chamava para dançar. Bom, mas este assunto da mulherada que chega nos homens é tão interessante e divertido, que deixarei para um próximo post.





Saturday 22 December 2012

Os canadenses estão há 4 meses sem ópio!!!


Muitos pensam que o Brasil é o país do futebol, ou que ninguém gosta mais de futebol do que os brasileiros, errado. Na Inglaterra, na Espanha e na Argentina, por exemplo, as pessoas gostam mais de futebol do que no Brasil, pois nestes países a porcentagem de pessoas que torcem para algum time é maior do que em terras tupiniquins. Um em cada 4 brasileiros sequer torce por algum time, vide pesquisa recente do Datafolha.


Bom, mas mesmo assim, o Hockey no gelo está para o Canadá como o futebol para o Brasil, ou Inglaterra, Espanha, Argentina, como queiram. Os campeonatos de Hockey dos Estados Unidos e Canadá são unificados (NHL), como também os campeonatos de basquete (NBA). Ocorre que desde setembro a associação dos jogadores de Hockey está em greve, e o campeonato 2012-2013 ainda não começou. O problema é que a liga (NHL) tem um dono (ou donos, não sei), e os times também possuem donos, como a maioria dos times de futebol da Europa. Logo, todos os jogadores são funcionários de alguns empresários, como todos os lutadores do UFC são funcionários do espertíssimo Dana White.




Já vi discussões acaloradas aqui de canadenses sobre a maldita greve do Hockey, e reclamações do tipo: essa greve que não acaba nunca;  que tá sem graça esse inverno;  que o que vou fazer na quarta a noite? Agora não tenho mais desculpa, todo final de semana tenho que dar um trato na patroa; estou tendo que assistir baseball; e blá blá blá. Imaginem o Brasil 4 meses sem futebol?? Não dá pra imaginar, não por ficar sem futebol (também, é claro), mas porque nunca jogadores brasileiros seriam capazes (infelizmente, devido a pouca consciência crítica da categoria na média geral) de organizar uma greve. Todo lugar tem gente reclamando que os jogadores de futebol ganham muito, e não sabem nem falar direito. Eles só ganham o que ganham, porque alguém os paga bem, para ganhar muito mais em cima, como os canais que transmitem, e os patrocinadores e etc. Ora o Neymar e o Messi ganham 3 milhões por mês e não estudaram? E daí, eles ganham o que ganham porque só eles sabem fazer o que fazem neste mundão , porque se eu ou você passaramos treinando uma vida inteira, nunca vamos fazer o que eles fazem, simples assim, e 99% das pessoas prefere ver um golaço do que saber sobre algum talvez possível novo futuro potencial tratamento para a dor neuropática!!! Se há público, há grana.



 Tá, mas e os caras do Hockey ganham muito também? Sim, lógico, mais até que os jogadores brasileiros imagino eu, mas os donos da liga e dos clubes ganham mais ainda em cima do esporte e dos atletas (a velha mais-valia). E o esporte só existe e rende o que rende devido aos atletas, e não aos cartolas. No caso aqui, os jogadores querem maior participação dos direitos de imagens, que não haja teto salarial (sim, há teto salarial nos clubes privados, esses cartolas deixam até o Eurico Miranda pra trás, haha) e que não aumente o número de jogos por temporada. Assim, a greve maldita, segundo os canadenses parece mesmo não ter fim. O engraçado é que todo dia aqui tem notícia sobre a greve, vai e volta, e nenhum lado arreda o pé, os caras tão perdendo milhões por dia, patrocinador, TV, produtos e coisarada e tal, mas não chegam a lugar nenhum. Impressionante mesmo. Pode ser até que passe um ano inteiro sem o campeonato de Hockey, e os canadenses choram.




Enquanto a greve não se resolve, o inverno canadense segue calmo e quieto, e ainda um tanto quanto triste sem as dinâmicas e “pancadorísticas” partidas de Hockey.

Sunday 16 December 2012

Os canadenses estão há 4 meses sem ópio!


Muitos pensam que o Brasil é o país do futebol, ou que ninguém gosta mais de futebol do que os brasileiros, errado. Na Inglaterra, na Espanha e na Argentina, por exemplo, as pessoas gostam mais de futebol do que no Brasil, pois nestes países a porcentagem de pessoas que torcem para algum time é maior do que em terras tupiniquins. Um em cada 4 brasileiros sequer torce por algum time, vide pesquisa recente do Datafolha.


Bom, mas mesmo assim, o Hockey no gelo está para o Canadá como o futebol para o Brasil, ou Inglaterra, Espanha, Argentina, como queiram. Os campeonatos de Hockey dos Estados Unidos e Canadá são unificados (NHL), como também os campeonatos de basquete (NBA). Ocorre que desde setembro a associação dos jogadores de Hockey está em greve, e o campeonato 2012-2013 ainda não começou. O problema é que a liga (NHL) tem um dono (ou donos, não sei), e os times também possuem donos, como a maioria dos times de futebol da Europa. Logo, todos os jogadores são funcionários de alguns empresários, como todos os lutadores do UFC são funcionários do espertíssimo Dana White.




Já vi discussões acaloradas aqui de canadenses sobre a maldita greve do Hockey, e reclamações do tipo: essa greve que não acaba nunca;  que tá sem graça esse inverno;  que o que vou fazer na quarta a noite? Agora não tenho mais desculpa, todo final de semana tenho que dar um trato na patroa; estou tendo que assistir baseball; e blá blá blá. Imaginem o Brasil 4 meses sem futebol?? Não dá pra imaginar, não por ficar sem futebol (também, é claro), mas porque nunca jogadores brasileiros seriam capazes (infelizmente, devido a pouca consciência crítica da categoria na média geral) de organizar uma greve. Todo lugar tem gente reclamando que os jogadores de futebol ganham muito, e não sabem nem falar direito. Eles só ganham o que ganham, porque alguém os paga bem, para ganhar muito mais em cima, como os canais que transmitem, e os patrocinadores e etc. Ora o Neymar e o Messi ganham 3 milhões por mês e não estudaram? E daí, eles ganham o que ganham porque só eles sabem fazer o que fazem neste mundão , porque se eu ou você passaramos treinando uma vida inteira, nunca vamos fazer o que eles fazem, simples assim, e 99% das pessoas prefere ver um golaço do que saber sobre algum talvez possível novo futuro potencial tratamento para a dor neuropática!!! Se há público, há grana.



 Tá, mas e os caras do Hockey ganham muito também? Sim, lógico, mais até que os jogadores brasileiros imagino eu, mas os donos da liga e dos clubes ganham mais ainda em cima do esporte e dos atletas (a velha mais-valia). E o esporte só existe e rende o que rende devido aos atletas, e não aos cartolas. No caso aqui, os jogadores querem maior participação dos direitos de imagens, que não haja teto salarial (sim, há teto salarial nos clubes privados, esses cartolas deixam até o Eurico Miranda pra trás, haha) e que não aumente o número de jogos por temporada. Assim, a greve maldita, segundo os canadenses parece mesmo não ter fim. O engraçado é que todo dia aqui tem notícia sobre a greve, vai e volta, e nenhum lado arreda o pé, os caras tão perdendo milhões por dia, patrocinador, TV, produtos e coisarada e tal, mas não chegam a lugar nenhum. Impressionante mesmo. Pode ser até que passe um ano inteiro sem o campeonato de Hockey, e os canadenses choram.




Enquanto a greve não se resolve, o inverno canadense segue calmo e quieto, e ainda um tanto quanto triste sem as dinâmicas e “pancadorísticas” partidas de Hockey.



Monday 12 November 2012

Montréal??? Não, não é Canadá!!!


Qualquer sujeito desavisado chegando ao Canadá pela primeira vez,  quando botar o pé fora do corredor de desembarque no aeroporto Trudeau, pode até pensar que esqueceu de puxar a cordinha no lugar certo e desceu na parada errada (o que me ocorreu no final de década passada, era pra descer em Pato Branco e fui acordar em Palmas, PR). Isto pode ocorrer, porque o camarada vai procurar pela exit que existe em todos os aeroportos do mundo, até no aeroporto de Chapecó, mas não aqui, em pleno Canadá, país anglófono! Sim, e Montréal ainda é a cidade mais canadense desta província, o Québec.



 A história é longa e fascinante (estou lendo um livreto sobre o Québec), mas de forma resumida, pode-se dizer que os ingleses chegaram aqui primeiro, lá por 1500, ficaram um ou dois janeiross, não guentaram o repuxo do inverno e do minuano que desce da Groenlândia, e levantaram acampamento. Algumas décadas mais tarde, os franceses chegaram, e apesar da fama de afeminados, guentaram o frio e se estabeleceram. Algumas décadas mais tarde os ingleses voltaram, principalmente subindo de terras ianques, quando já se avizinhava a independência estadounidense (já estamos em meados do século XVIII agora). Nesta época, uma enxurada de ingleses súditos da rainha também subiram pra cá, pois não queriam deixar de ser ingleses e se tornar estadounidenses. Daí o bicho pegou, e no final, os ingleses ganharam as principais batalhas, em 1760 Montreal foi tomada pelos ingleses, e no final das contas,  sobrou aos franceses, este pedaço de terra aqui, o famoso Québec, a maior província canadense.



Bom, voltando ao sujeito perdido no aeroporto, ele seguirá perdido e desorientado quando começar a andar pela cidade. Praticamente nada aqui está escrito em inglês, seja em anúncios e comércios privados, muito menos prédios públicos provincianos. Na verdade, no Brasil tem mais anúncios em inglês do que aqui, tipo 50% off, festa open bar, internet wireless, festa ladies first, sem contar as baladas top (!), se não tiver o nome em inglês, não é top, haha, até os DJ (disk jockey, vulgos enfiadores de pen drive) são chamados de tops.


Experimente caminhar pela cidade, exceto no centrão, bem no miolo, no resto quase só se houve o francês sendo falado. No meu caso, que vivi no ano passado na parte inglesa do Canadá, a minha primeira impressão de Canadá foi outra, então é raro não ter a sensação de estar em outro país,  pois a língua é a maior identidade de um povo, e aqui o povo se identifica de outra forma. Ok, mas grande parte (chuto aí uns 80%) do montrealenses falam inglês (bem ou tipo eu, meia boca). Afinal, Montreal é uma metrópole, que recebe gente do mundo todo, mendigo pede esmola em francês e daí você se acha malandro, e manda pra ele: - Désolé, je ne parle pas français. Daí o mendigo te pede esmola em inglês. Aí o safado sempre me ganha, eu me obrigo a dar uns trocados, pô, o cara é melhor que eu e tá mendigando!!! Mas nas cidades da grande Montreal, ou mesmo em Québec City, capital da província, e outras cidades, quase ninguém fala inglês. Estive em outras cidades daqui, e mesmo jovens, em restaurantes, bares, não sabem inglês, normalmente o atendente sai procurando algum colega para te atender (isso se vc não falar francês, obviamente, o que ainda é o meu caso, infelizmente). No ano passado, em Halifax (parte inglesa) eu tinha colegas universitários que estavam de férias fazendo aulas de inglês comigo, ou seja, aprendendo inglês junto com canadenses!



Bom, a sensação é de estar em outro país, no meio de outro povo, com outra história, e quando na sua sala você liga a janela para o mundo (como dizia Nelson Rodrigues), você assiste o mundo em francês, mas mesmo assim, tudo isso continua sendo Canadá, menos para os quebequences, of course! Opa, digo, Bien sûr que non.

Sunday 14 October 2012

O Blog do Ney voltou, agora em Montréal!

Então galera, depois de aproximadamente 1 ano com o blog desativado, estimulado também por pedidos de amigos para voltar com o mesmo, cá estamos novamente. No ano passado passei uma temporada em Halifax, na província de Nova Scotia, extremo leste canadense, região de origem e língua inglesa. Agora, estou em Montréal, segunda maior cidade do Canadá, localizada na Província de Québec, de origem e língua francesa. A idéia consistirá mais ou menos a mesma, de tempos em tempos publicarei algo que eu ache interessante, divertido, curioso, histórico ou banal (hehe) sobre a cidade aqui, região e país. Ultimamente tenho feito algumas outras viagens legais, e agora que peguei o gosto pela coisa (antes o pouco dinheiro que eu guardava eu pensava em gastar em festas, agora penso em festas e viagens), então quando estiver sem nada interessante por aqui, vou de vez em quando publicar sobre outras viagens também.

Pra começar falando, Montréal é a maior cidade de Québec, província francesa que ainda mantém desejos de independência, como a Catalunha, digamos assim. O povo aqui não se considera canadense (e realmente não é). Para mim, Toronto e Montréal estão para o Canadá, mais ou menos como Sampa e Rio pro Brasil, na primeira, uma cidade maior, onde as pessoas buscam mais ganhar a vida, trabalhar e oportunidades. Na segunda, onde há igualmente os objetivos da primeira, mas há também muita busca por diversão, artes, cultura, entretenimento e afins. Montréal é o centro artístico do Canadá.

Em virtude disso, Montréal é uma cidade com uma agitada vida noturna, possui algumas regiões com diversas ruas lotadas de restaurantes, bares e casas noturnas. De modo geral, comparado com o restante do Canadá, o custo de vida parece não ser muito alto, os aluguéis por exemplo, são mais baratos que em Halifax (300 mil cabeças), sendo que a aqui a grande Montréal deve ter em torno de 3 milhões.

Bom pra começo é isso, to totalmente sem inspiração hj, o Grêmio foi roubado em casa, e o Flu ganhou com ajuda do juiz, então vou deixar algumas fotos abaixo para as primeiras impressões da cidade.


En profiter ça!

                                                                      Parc Mont royal
                                                                    Vista do Mont Royal


                                                     Placa de automóvel do Québec
                                                                   Rue Saint-Denis
                                                       Início do outono no Porto velho
                                           Poutine, prato típico de Montréal (muito saudável)

                                                                     Centro velho
                                             Estádio Olímpico (1976) e torre de observação

                                                               Catedral Notre Dame
                                                                       Vista noturna

                                                                               Merci!

Wednesday 7 September 2011

A DURA VIDA DE UM ALCOOLATRA NO CANADA

A DURA VIDA DE UM ALCOOLATRA NO CANADA
Para iniciar a conversa precisamos definir o conceito de alcoolatra. Se uma pessoa faz sexo com outra pessoa de mesmo sexo uma vez por semana, é considerada homossexual, certo? Se uma pessoa comete roubos uma vez por semana ou por mês, é considerado ladrao, CERTO? Desta forma, uma pessoa que bebe qualquer tipo de bebida alcoolica uma vez por semana, poderemos considera-la alcoolatra, certo? Neste ponto de vista entao, estou considerando que aproximadamente 70% da populacao adulta de um pais que nao seja muçulmano ou de maioria evangélica é alcoolatra, ok? Até porque o termo usado para dependentes do alcool atualmente é alcoolista, até onde eu sei. Entao quando falo alcoolatra nao cito dependentes, cito voce que esta lendo e eu como alcoolatras, ou seja, quase todo mundo é alcoolatra, com exceçao de radicais religiosos, alergicos, doentes e dependentes que precisam se manter afastados por nao saberem dosar o uso do abuso.


Pois bem, cheguei aqui no Canada na terça-feira dia 5 de abril. Passei os 2 primeiros dias na casa de minha orientadora, trouxe uma baita cachaça da serra pra ela e o esposo (além de havaianas e livro sobre o Brasil). Mas ela e seu esposo nao quiseram nem experimentar a dourada cachaça brasileira, pelo menos nos dias que estive lah, nem u shotzinho. Desconfio que eles nao bebem. No terceiro dia, achei um canto pra mim, larguei minha mala no meu quarto na nova casa e fui pro mercado fazer compras. Meio perdido, mas consegui achar quase tudo de higiene e comida. Procurei por erva um ‘pouco’ desesperançoso, e realmente acho que nao se bebe chimarrao por estas terras. Pensei pronto, agora é achar uma cervejinha sagrada do trabalhador brasileiro pra comemorar o teto que consegui. Campeei por todo o mercado e nada de achar cerva, dei mais uma volta e nada.  Perguntei:

- Aonde ficam as cervejas aqui?
- Cerveja guy? Nao tem cerveja aqui.
- Como nao tem cerveja? Beer? Wine? Vodka?  A drink that usually changes an ugly girl to a beautiful woman – Traduçao livre – O lubrificante social mundial.
- No man, cerveja voce vai encontrar apenas em lojas especializadas.
- Where is that fuck beer specialized  store? (Trad.  Onde eu encontro esta loja?)
- A mais proxima fica a uns 20 minutos a pé daqui!




Puxa vida, começo de noite, temperatura quase 0 grau, vento Groenlandio pegando, louco por uma bera, pra comemorar a passagem pela imigracao, comemorar que conheci  a Jana, comemorar meu teto. Mas nada, larguei mao e voltei pra casa, na seca. Afinal, eu sou alcoolatra, mas nao alcoolista. Put...........riu, que m....da de pais é esse que nao vende cerveja no mercado???
Mas pela graça divina, no primeiro dia o canadense dono da casa onde estava chegando me convidou pra ir num buteco tomar umas, porque era quinta, dia da coxinha de frango por 10 cents. Entao finalmente, tomei uma gelada.


Na sexta entao encontrei finalmente uma NSLC (Nova Scotia Liquor Corporation), as lojas que vendem bebidas alcoolicas. Quando cheguei, fiquei maravilhado, trocentas marcas de vinhos, vodkas, cervejas do mundo todo, wiskis e coisarada toda. Mas quando se ve o preço, dah uma depressao aguda. Em media 3 dolares a long neck de cerveja mais barata. E apenas long neck, nao existe garrafa 600 ml.  Uma garrafa de vodka, em media 30 dolares a mais barata. A Smirnoff  é 36. Ou seja, nao existem bebidas baratas (e ruins) mas que fazem o papel (dar alegria emocional). Soh existem bebidas boas, mas caras. Ou seja, o pobre nao consegue beber, uma espécie de recado do governo; - Tu é pobre, entao primeiro vai comer, vai morar, deixa a bebida pra quem pode (acredito que seja um dos motivos pelo desenvolvimento do pais, hehe). O preço é caro porque a maior parte do preco sao impostos. E vejam soh, essas lojas sao de propriedade do governo, é o governo da provincia que controla TODA a venda de bebidas. Até ae tudo bem, legal que o governo controla, assim menores nao compram.  No entanto, que culpa tenho eu de gostar de um vinho ou uma cerveja e preciso pagar o dobro do preço real nisso, oras, nao foi o governo que inventou a bebida, nao é patente dele. Se eu sei beber moderamente e sou pobre, pq preciso pagar o olho da cara pela minha bebida? Mas ok, tudo bem, vamos lah, nao eh algo essencial para SOBREVIVÊNCIA, embora eu considere essencial pra a VIVÊNCIA e para a real SINCERIDADE, hehe. Por isso, na duvida nao confie em pessoas que nao bebem, nada impede que ela seja falsa o tempo todo.





Mas o pior dessas lojinhas do governo,  é o horario. Segunda a sabado das 10 da manha as 10 da noite. Domingo até as 5 da tarde! Feriado nao abre! E aqui tem feriado pra caramba e quase todos sao flexiveis, entao eles empurram o feriado sempre para a segunda, sempre é feriadao. E vejam que legal, feriadao que nao é possivel comprar cerveja. Hoje por exemplo, segunda, dia do trabalho, todo mundo teve  que comprar bebida ontem até as 5. Puxa vida, muitas das melhores coisas da vida ou mesmo encontros nao sao programaveis, se no domingo, véspera de feriado, fim de tarde um amigo te liga, vamos fazer um churrasco hoje a noite e amanha vamos acampar em tal lugar, ou amanha vou ficar ae na tua casa passeando. Pronto, ok, mas nao ha onde comprar cerveja.  Ou seja, nao serah divertido. Tah, vao dizer, vc nao consegue se divertir sem beber? Claro que consigo, me divirto até trabalhando, no intervalo do café. Mas qualquer papo rola melhor ou qualquer piada é mais engraçada com as palavras estao molhadas, e quando as sinapses estao mais amortecidas. Voltando pro horario da venda. Por exemplo, num churrasco, acabou a cerveja, chegou mais familiares ou amigos? Nao tem o que fazer, nao tem onde comprar = acabou a brincadeira. Dez da noite vc e amigos decidiram ir pra um show ou balada, legal, vamos fazer um esquenta entao? Até pq lah dentro a cerveja é muito cara. Nao é possivel, em nenhum local da provincia se encontra bebida depois das 10 da noite. Piada. TUDO tem que ser programado com antecendência. Nao existem festas de improviso. Logo, umas das melhores coisas da vida nao existem aqui.



Outra, nao existem butecos aqui. Sabe buteco de pinguço, onde se vende um martelinho a poucos centavos. Onde tem aquele pastel naquela caixinha de vidro ha quase uma semana? Onde tem sorvete seco que vem um balao em cima? Onde vende bala sete-belo? Onde qualquer um pode beber. Poisé, nao tem. Por isso os poucos mendigos aqui nunca estao bebados pela rua. Isso sim, acho bom e acho ruim. A bebida é elitizada, lado bom: se vc tem pouca grana, va primeiro cuidar da sua familia. Devem ter poucos pais e maridos que chegam em casa bebados e brigam e batem na mulher ou nos filhos. Lado ruim, tudo que é elitizado é ruim, porque tudo que diferencia pessoas pelo poder economico é ruim, cerceia liberdades e escolhas.
A proxima, é proibido beber em locais publicos. Nao se pode beber na rua. Sim, nao posso comprar uma cerveja na lojinha do governo e sair bebendo na rua a bebida que paguei um preço absurdo com o suor do meu emprego. Se a policia pegar (e ela pega mesmo), 500 dolares multa. Conheci um cara aqui que jah pagou esta multa duas vezes nos ultimos 2 anos. Ou seja, aqui se um dia o Carnaval chegar, nao serah Carnaval de Rua. E na praia, onde a agua é gelada, nao se pode beber. Totalmente louco e sem noçao. PRAIA SEM CERVEJA, PRAIA SEM BARZINHO, PRAIA SEM AMBULANTE + PRAIA DE AGUA GELADA = NAO É PRAIA.  Quando viajei para Prince Edward Island (post do mes passado), lah que é um lugar mais isolado, pessoas bebem cerveja escondido, eu bebia e meio que colocava a garrafinha dentro da mochila. Um gole. Mochila. Um gole. Mochila. Me sentindo um adolescente fazendo algo escondido ou bandido. Pq? Porque eu estava bebendo cerveja na praia = Surreal. Triste de chorar.  Ora, se na praia nao se pode nadar pq a agua é gelada, nao se pode beber, e ainda quase sempre um vento constante. Melhor ir pegar sol num parque, onde tem grama ao inves de ficar recebendo areia nos olhos. Alem disso, normalmente tem algum ponto proximo pra vc comprar refrigerante e alguma comida.


Este lance de nao ser possivel beber na rua incide drasticamente sobre o estilo de vida deles e eu diria até sobre a formacao da personalidade e a forma de encarar a vida em alguns momentos. Exemplo, no dia do Canada Day, (post de julho), é uma super-festa, bonita, civica, patriotica, acolhedora e outros etcéteras. Na noite, um lindo espetaculos de fogos de uns 10 minutos acontece no Harbour. Todo mundo fica uma semana falando sobre os tais fogos, ir lah na beira do mar ver os fogos e tal. Ae na hora marcada, a beira-mar tah lotada, os fogos acontecem, mas logo acabam, 10 minutos. E o que acontece entao? Nada, todos voltam para casa, beber sua cervejinha, porque nao podem beber ali. Um local onde poderia haver uma grande festa, pessoas sorrindo, se conhecendo, brindando, namorando, curtindo. Neca de pitibiriba, nao pode, e lah voltam os canadenses para suas casas. Mas mesmo assim, todos saem de casas para ver 10 minutos de fogos e voltar para casa ano apos ano. Eles nao tem nocao que uma festa pode surgir do improviso, que vc pode levar um cooler com bera e ficar ali bebendo. Ou que poderia ter varias baraquinhas e barzinhos ali, onde todos poderiam passar horas curtindo o som, a brisa do mar. Nao imaginam que pode fazer um churras num camping, num parque, e tomar uma cerveja com amigos. Nao imaginam porque eles nao questionam a lei. Dae podemos pensar, bom mas assim nunca criancas verem adultos bebendo ou pessoas bebadas. Nada! No centro de eventos da cidade, onde ha shows, teatros, jogos de hoquei  e tal, é permitido beber em todo o ambiente, em meio a criancas e bebês. E outra, alguns bares tem permissao para colocar mesinhas na calçada, e ali pode-se beber. Entao, qual a diferença de eu beber uma cerveja que trouxe de casa na rua, ou beber a cerveja que estou pagando e bebendo na rua? Ou seja, cadê o nexo?


Ah, mas sempre tem  alguma vantagem em tudo. O lado bom  é que aqui  ninguem queima a mao fazendo caipirinha por culpa das ditas cumarinas. Porque nao fazem caipirinha, mas principalmente porque nao se bebe com o sol na cabeça, soh se bebe dentro de restaurantes, boates ou bares.